Blog

Em julho de 2019 a Allergan, fabricante de implantes de silicone, anunciou o “recall” mundial de suas próteses devido ao risco de um tipo raro de câncer de mama. O tumor que deu origem às muitas dúvidas de pacientes e corrida por troca de implantes ou pela retirada das próteses (explantes) se chama “Linfoma Anaplásico de Grandes Células Associado a Prótese”, ou BIA-ALCL. 

Este é um tipo de câncer muito raro e não deve ser motivo para desespero. O seu primeiro relato ocorreu em 1997, mas somente em 2016 é que ele foi reconhecido pela Organização Mundial da Saúde como um tumor de mama. O sinal ou sintoma mais comum é a formação espontânea de seroma (líquido) ao redor do implante de mama, em média 7 a 10 anos após a colocação da prótese. Entretanto, a maior parte dos seromas espontâneos são reacionais e não significam BIA-ALCL. Outras manifestações podem incluir dor na mama, nódulo ou massa palpável, contratura da cápsula do implante de forma assimétrica e, menos frequentemente, alterações de pele.

  O BIA-ALCL está associado aos implantes texturizados que possuem rugosidades na sua superfície. Este tipo de prótese, no entanto, tem a vantagem de se aderir melhor evitando deslocamento e rotações e por isto é o tipo de implante mais utilizado no mundo todo. Ainda não se sabe ao certo como este tumor surge, mas estima-se que ocorra a interação entre bactérias e uma resposta do sistema imune de mulheres com predisposição genética a um maior risco de câncer.

Este tumor em geral é indolente, ou seja, cresce devagar e é tratada primordialmente com cirurgia, através da remoção da prótese, da cápsula que envolve a prótese e do líquido ou nódulo, se presentes. Radioterapia e a quimioterapia podem ser necessárias para casos mais avançados. Na maioria das vezes, o BIA-ALCL é diagnosticado no início e é associado a uma excelente sobrevida após o tratamento.