Quando falamos de cirurgia de axila, o maior temor dos pacientes que já leram algo sobre isto na internet é sobre o linfedema. Mas o que é o linfedema? Quais são as minhas chances de ter linfedema? Qual é o tratamento?
O linfedema é o acúmulo de linfa no membro afetado devido a ausência dos linfonodos responsáveis pela filtragem desta linfa. Em outras palavras, o linfedema é o inchaço do braço que pode ocorrer sempre que houver uma deficiência na eliminação deste excesso de líquido. Existem vários graus de linfedema: desde linfedema leves e discretos, até linfedemas que causam dores, sensação de peso, dificuldade de movimentação e, consequentemente, piora de qualidade de vida.
O linfedema pode acometer braços, quando são retirados os linfonodos da axila, ou pernas, quando são retirados os linfonodo da virilha. Quanto maior o número de linfonodos retirados, maior o risco de desenvolver linfedema. Por isto, a chance de desenvolver linfedema no braço com a pesquisa do linfonodo sentinela (quando mais frequentemente são retirados até 3 linfonodos) é de 5 a 7%, enquanto que o risco de linfedema com a linfadenectomia axilar, ou esvaziamento axilar (quando são retirados mais de 10 linfonodos), varia de 13 a 47%. Estes riscos não diminuem com o tempo após o tratamento, se mantendo por toda a vida da paciente.
O tratamento para o linfedema depende do grau do inchaço. Linfedemas leves não necessitam de tratamento específico. Já linfedemas mais proeminentes podem precisar de drenagem linfática manual, bandagens compressivas ou luvas de compressão e exercícios específicos para ajudar na drenagem da linfa acumulada. Todavia, são tratamentos temporários, constantes e diários e há uma carência de tratamento definitivos. Ainda em teste há o transplante de linfonodos de outras partes do corpo para casos mais graves.
Logo, a melhor maneira de lidar com o linfedema é tentar previni-lo. Neste objetivo, as pacientes sentem medo que realizar exercícios físicos com o braço operado. Um estudo avaliou mulheres submetidas a cirurgia da axila que realizaram exercícios resistivos progressivos e supervisionados (musculação progressiva) 2 vezes na semana por 1 ano e concluiu que houve menor chance de linfedema e que este benefício foi ainda maior nas mulheres que tiveram mais de 5 linfonodos removidos. Ainda, este estudo mostrou maior ganho de força e controle de peso, demonstrando não só que os exercícios físicos são seguros, como também que apresentam muitas outras vantagens.
Outro estudo de metanálise, que reuniu dados de 48 estudos demonstrou que exercícios físicos aeróbicos e/ou resistivos não aumentam o risco de linfedema em geral. Ainda, este estudo mostrou que realizar exercícios físicos reduziu a chance de desenvolver linfedema em 51% nas mulheres que tiveram mais de 5 linfonodos retirados. Outros benefícios da atividade física observados foram: menos dor, maior força melhora da funcionalidade do braço, menor fadiga e melhor qualidade de vida.
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Fontes: The effect of Exercise for the prevention and Treatment of Cancer-Related Lymphedema: A Systematic Review with Meta-analysis. Med Sci Sports Exerc. 2022 Aug 1;54(8):1389-1399. Weight Lifting for Women at Risk for Breast Cancer-Related Lymphedema. A Randomized Trial.JAMA. 2010 Dec 22;304(24):2699-705.